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  • Foto do escritorTeresa Gomes

Ownership Thinking: uma nova narrativa nas empresas


Com uma criança de quase 4 anos em casa, as manhãs são uma verdadeira aventura.

E um simples comando como "filho, vamos vestir!" pode ser tão desafiante que adio até não poder mais o momento. Eu corro atrás dele. Ele foge de mim. A linha da meta parece afastar-se em vez de se aproximar. Olho para o relógio e sei que mais uma vez estou na luta contra o tempo.

E quando acho que é agora que vou conseguir, um novo momento intenso inicia. "Não mãe, eu visto as calças sozinho! "Não mãe, eu lavo os dentes sozinho!" E assim continuamos até chegar à escola. E entre uma coisa e outra, lá vai olhando para mim e diz-me com ar feliz e orgulhoso "viste mãe, eu consegui sozinho!". Depois de o deixar bem entregue, entro no carro e revejo toda a jornada. Na verdade, com 4 aninhos, ele é capaz de fazer quase tudo sozinho. Veste-se, calça-se, chama o elevador, abre o carro, senta-se na sua cadeirinha. E qual (ainda) continua a ser o meu comportamento? Tentar convencê-lo a ser eu a fazer. Uma parte de mim acredita mesmo que ele e ainda não devia ser capaz de fazer algumas coisas sozinho, outra acha que a minha intervenção me vai ajudar a chegar ao (meu) resultado tão ambicionado: eu e ele chegarmos a horas aos compromissos.

Moral da história: o meu filho está a dizer-me que quer ser o protagonista da sua história, que esse papel é dele e não meu! (Como assim??!) E que infantilizá-lo não é nada interessante para ele (tanto que não deixa). Que dor de alma para o coração de uma mãe, tão pequenino e já luta pela sua independência.

E questiono-me, como será enquanto adulto. Quando chegar a sua vez de entrar no mundo do trabalho como será? Continuará a querer (e a poder) ser o protagonista dessa parte da sua vida?

Nas organizações hoje em dia, assistimos com recorrência a equipas muito dependentes dos seus líderes, que têm dificuldade em resolver coisas sozinhos, precisando de validação das soluções que precisam ser encontradas. Será que de alguma forma adotamos um conjunto de práticas que infantilizam a nossa experiência enquanto colaboradores?

O passado explica facilmente esta realidade. Muitos de nós ainda antes de entrarmos no mundo trabalho já sabemos a quem temos de obedecer e com o nosso papel definido: fazer bem o que tem de ser feito. E era assim porque num mundo relativamente estável funcionava bem. Mas agora já não. Precisamos de respostas rápidas, de organizações flexíveis, de muitas cabeças a pensar e a agir.

E por isso a palavra ownership passou a ser mais uma das palavras da moda, que circula com muita frequência nos corredores das nossas empresas. Com esta mentalidade a velocidade aumenta.

Mas estaremos preparados para o que estamos a pedir?

Agir com ownership é…

  • não esperar que o líder resolva, mas caminhar com o líder e com a equipa na procura das melhores soluções

  • desafiar o status quo e contribuir para o sucesso da organização

  • ter noção da cadeia de valor e do sistema em que atuamos e em tudo o que pode afetar resultados e cultura

  • afastar-se da dependência

  • entender o propósito da nossa missão

  • responsabilizar-me pelo que faço

  • ser proativo no meu trabalho

  • ter interesse genuíno em contribuir para o sucesso da empresa

Agir com ownership não é…

  • fazer tudo sozinho

  • não escutar os outros

  • dizer tudo o que penso

  • agir em prol de um resultado sem olhar a meios

Um mindset de ownership muda tudo nas nossas empresas. Traz à história das nossas organizações e das nossas pessoas uma nova narrativa, onde os papeis os personagens mudam. De todas as personagens. Onde todos passamos a protagonistas.

Para assumir esta narrativa é preciso coragem e preparação! É preciso mudar mentalidades. De todos.

Enquanto indivíduos evoluímos de um estado de dependência (alguém cuida de mim) para a independência (eu cuido de mim mesmo), sendo o ponto alto da nossa maturidade enquanto indivíduos a interdependência (podemos fazer algo melhor juntos). Podemos chamar-lhe ownership ou não. Mas sem dúvida é este o caminho que enquanto colaboradores temos pela frente.

Quando o meu filho for adulto? Desejo que ele seja muito feliz a trabalhar e que sinta que o que faz está a contribuir para um mundo melhor. Sei que isso só será possível se ele verdadeiramente quiser (e poder ser) o protagonista da sua história profissional. Juntos vamos mudar mentalidades?



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